quarta-feira, 18 de maio de 2016

Pensando sobre a dependência do uso da internet

Por Pedro Mancini

A atual fase da modernidade trouxe consigo, como um de seus benefícios, uma indiscutível melhora nos processos comunicativos: hoje, é conhecida e frequentemente destacada a possibilidade de interagirmos instantaneamente com pessoas das partes mais longínquas do globo. Ao mesmo tempo, estamos abertos à possibilidade de comunicação virtual em qualquer momento e local, bastando, para isso, que tenhamos acesso à tecnologia Wi-fi ou ao 4G do smartphone. Assim, podemos permanecer online em vários momentos do dia, estando aptos a receber mensagens instantâneas de nossos amigos, familiares e parceiros amorosos em tempo integral.

Concomitantemente, as possibilidades de entretenimento também se expandem exponencialmente com as novas tecnologias. Redes sociais como o Facebook, o Twitter e o Snapchat, canais de vídeos como o YouTube e inúmeros jogos fortemente envolventes também estão disponíveis à ponta de nossos dedos, e a tentação para acessá-los pode ser bastante poderosa. Poucos smartphones, atualmente, estão alheios a essas possibilidades – muito embora os notebooks e computadores pessoais de mesa ainda possuam vantagens técnicas e gráficas com relação a seus pares portáteis. 

É inegável que não podemos desprezar ou nos rebelarmos cegamente contra essas tecnologias: além de serem quase absolutamente inevitáveis no dia a dia de uma metrópole como a nossa, são bastante úteis e, em muitos casos, muito agradáveis. Permitem o acesso imediato a praticamente qualquer espécie de informação, a comunicação emergencial para a resolução de problemas urgentes, e são apropriadas como ferramentas para amenizar estresses trazidos pela vida cotidiana – fornecendo verdadeiras “dimensões paralelas” de magia e encanto, capazes de animar o mais cansado dos espíritos.

No Colégio Hugo Sarmento também valorizamos essas ferramentas. Nossos professores, munidos das novas tecnologias da informação, combinam as possibilidades pedagógicas trazidas pela modernidade com sua criatividade pessoal para planejarem aulas digitais que, além de abordarem temas escolares sob uma nova e enriquecedora perspectiva, são atraentes e dialogam com a realidade de nossos jovens – que aprendem, desde a tenra infância, a operar tecnologias que só se tornaram familiares para nossos olhos adultos há poucos anos.  Nenhuma instituição escolar pode se dar ao luxo de ignorar a informática e a virtualidade, e nossa equipe de professores não apenas está ciente dessa impossibilidade como possui iniciativa para acompanhar os movimentos da onda de inovação tecnológica in loco, vivenciando uma contínua atualização profissional. 

Como todas as características da modernidade, contudo, as “novas tecnologias” acima citadas possuem seu lado ardiloso – atuando, muitas vezes, como armadilhas para os mais distraídos. Tudo é tão grandioso na internet (como, por exemplo, suas ferramentas de busca, suas possibilidades de interação e de diversão) que é fácil nos percebermos totalmente mergulhados nela – passando da condição de meros usuários da tecnologia para simples utensílios da mesma! A vigilância deve ser contínua para que escapemos dessa absoluta inversão, mantendo um controle mínimo sobre como a tecnologia compõe nossa vida diária. 

Entendendo os riscos dessa imersão, e reconhecendo o quanto eles são especialmente presentes na vida das crianças e jovens (os chamados “nativos digitais”, que podem encontrar ainda mais dificuldades em interromper ou reduzir o uso de tecnologias mais atuais do que os adultos que já viveram tempos “menos tecnológicos”), o Colégio Hugo Sarmento articulou uma palestra de orientação sobre vício em internet, celulares e jogos eletrônicos em uma quinta-feira, dia 28 de abril – associando-a com as aulas de tutoria do Ensino Médio. 

A palestrante, Dra. Sylvia van Enck Meira, é formada e mestre em Psicologia pela USP e trabalha no Programa Ambulatorial dos Transtornos do Impulso (PRO-AMITI) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. Entre as especialidades do setor, está a dependência da internet; assim, diversos profissionais do HC são comprometidos com a pesquisa e atuação junto a pessoas que apresentam essa dependência, que contam com atendimento especializado e grupos de apoio para minimizar sua relação com as tecnologias da informação, tornando-a muito mais saudável, de modo a não comprometer a produtividade e a própria felicidade individual. 

Abrangendo as três séries do Ensino Médio, a palestra foi dedicada a esclarecer as situações que geram dependência da internet, tais como seus sintomas, os impactos sobre a vida diária e as formas de detectar e administrar tal dependência. Uma versão do teste utilizado para medir o nível de dependência de pacientes do HC foi aplicada junto aos alunos, para que eles mesmos pudessem desenvolver consciência a respeito de como anda sua relação com o computador, o smartphone e seus inúmeros encantos e tentações. 

Esperamos que nossos jovens, munidos das informações dadas pela palestra e das orientações passadas pela tutoria, desenvolvam uma relação de “parceria saudável” com quaisquer formas de tecnologia que existem ou ainda existirão nessa era de permanentes mutações, por mais fascinantes e sedutoras que elas pareçam aos seus curiosos e apaixonados olhos! 

Para quem quiser saber mais:

Link para o site do HC: http://dependenciadeinternet.com.br/