quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Reflexões acerca de quem somos: um povo diverso, o povo brasileiro

Por Lia Granado

O Brasil é um país formado por muitos povos - a maioria de nós concorda com essa afirmação. Mas, essa formação não foi e não é tranquila! Por muito tempo vivemos acreditando que o Brasil é um país que acolhe todos os povos de braços abertos e onde não há racismo. Mas, é só dar uma olhada nas notícias para percebermos que não é bem assim. Quando estudamos o Brasil, a formação do nosso povo, uma das funções da escola é a de problematizar e propiciar momentos de discussão acerca de nossa brasilidade, pensarmo-nos como um povo que tem uma cultura riquíssima e problemas da mesma magnitude.

O projeto Regiões do Brasil é um momento em que, no 5° ano, conseguimos discutir muitas destas questões e tantas outras que sempre surgem. Começamos estudando como o povo brasileiro se formou, quais foram as nossas matrizes e como elas se amalgamaram para formar a cultura que temos hoje. Revisitamos projetos que já vivenciamos nos anos anteriores como o dos Povos Indígenas e da África, o que faz com que os alunos tenham como relacionar seus conhecimentos prévios e ampliar seu repertório para pensar essas novas questões propostas.


  “Para os alunos, o tema da Pluralidade Cultural oferece oportunidades de conhecimento de suas origens como brasileiro e como participante de grupos culturais específicos. Ao valorizar as diversas culturas que estão presentes no Brasil, propicia ao aluno a compreensão de seu próprio valor, promovendo sua auto-estima como ser humano pleno de dignidade, cooperando na formação de autodefesas a expectativas indevidas que lhe poderiam ser prejudiciais. Por meio do convívio escolar possibilita conhecimentos e vivências que cooperam para que se apure sua percepção de injustiças e manifestações de preconceito e discriminação que recaiam sobre si mesmo, ou que venha a testemunhar — e para que desenvolva atitudes de repúdio a essas práticas.”

PCN  Pluralidade Cultural – Fundamental I

Em cada região estudada, procuramos conhecer grupos tradicionais daquele espaço, que representam a diversidade cultural gerada internamente em interação com o meio ambiente. Conhecemos os grupos de imigrantes que foram para cada região e como contribuíram com seu trabalho e cultura, ajudando a formar a sociedade brasileira. 

Estudar em uma escola que valoriza a pluralidade e destaca a importância de grupos que muitas vezes são esquecidos durante o estudo tradicional de História faz com que os alunos tenham um grande respeito pelas diferentes manifestações culturais que encontramos no nosso país. Além, é claro, de conseguirem ter uma visão mais crítica sobre temas muitas vezes polêmicos e que tendem a cair no senso comum em nossa sociedade. 

Neste ano, o assunto que apareceu muito em nossas discussões foi a desigualdade social que existe no Brasil. Em nossas rodas, os alunos - que têm 10 anos - se mostraram bastante preocupados e incomodados. Queriam saber como a desigualdade poderia ser resolvida e, aos poucos, foram percebendo a complexidade deste assunto, para o qual não há uma resposta pronta. 

O nosso projeto sobre as Regiões do Brasil veio de encontro com o Projeto Coletivo: Movimentos da Humanidade no espaço e no tempo. Pesquisamos muito sobre a imigração no Brasil, em que contexto histórico ela se deu, como foi a vida dos primeiros imigrantes, suas contribuições e, por fim, discutimos sobre os refugiados hoje. Uma das grandes preocupações é a de nunca perder o caráter humano. Afinal, estamos falando da vida de milhares de pessoas que têm suas aflições, angústias, sonhos e esperanças. Fizemos pesquisas, entrevistas, visitas a museus, mas a Literatura nos ajudou muito e a Arte, como sempre, nos trouxe respostas e algumas dúvidas. Deixo aqui a indicação de três livros, lindíssimos, que discutem de uma maneira muito sensível o ir e vir de muitos povos.

  

Falar do Brasil, da nossa formação como brasileiros, de alguns movimentos migratórios, não é algo fácil! A escola, entretanto, precisa problematizar, propiciar reflexões, propor novos olhares, sem nunca perder a sensibilidade. Só desta maneira poderemos, junto com os alunos, pensar e criar o nosso caminho, um povo em constante mudança.

Um comentário:

  1. E justo por essa diversidade, um povo rico de cores, paladares, musicalidade, possibilidades.

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