quarta-feira, 11 de maio de 2016

Agrupamentos em sala de aula – o que os alunos podem aprender com isto?

Por Equipe de Tutoria

Essa pergunta está presente no nosso cotidiano, em todos os segmentos da escola. Além do conteúdo planejado, a forma como a sala de aula é organizada ajuda na aprendizagem e indica o que se espera de cada aluno.

Nas duplas, trios ou pequenos grupos de trabalho, além da construção do conhecimento, muitos valores são desenvolvidos como os de cooperação, argumentação, união de esforços, respeito à opinião do outro.


No trabalho conjunto aparecem os desafios nos relacionamentos. Muitas vezes há queixas iniciais sobre os colegas, mas, quando o trabalho flui, o compromisso com o outro tende a aumentar e passam a se respeitar e conviver melhor entre si.

Acreditamos que, além de todos os objetivos pedagógicos dos agrupamentos, aceitar mudanças é um ponto importante. Para mudar o olhar e o papel de cada um no grupo é preciso ir além do que é confortável e auxiliar o aluno a alterar a percepção de si mesmo e do outro.

Mario Sergio Cortella cita em seu livro Educação, Escola e Docência – novos tempos, novas atitudes: “Se há algo que nós humanos temos dificuldade é de assimilar processos de mudança. Mudar é complicadíssimo. Gostamos muito daquilo que nos é familiar, ao que já estamos habituados. Tem gente que senta no mesmo lugar à mesa para comer há 10, 20 ou 30 anos. Quando vem alguém de fora e não conhece os hábitos da família e se senta naquele lugar, causa uma instabilidade no ambiente. A pessoa até perde o apetite porque alguém ocupou a cadeira a qual está habituada.”

Esse processo é intenso e está ligado à maturidade de cada faixa etária. No colégio Hugo Sarmento, nós, professores, orientadores, coordenadores e tutores construímos esses agrupamentos com muito cuidado e afetividade. No Fundamental I, este trabalho é iniciado e a partir do 6º ano os alunos já participam destas decisões e fazem suas observações e críticas sobre esses agrupamentos, participando ativamente do olhar para si e para o outro. 

 

Para organizarmos os mapeamentos de sala, cada tutor, junto à sua turma, usa um ou mais critérios para chegar à proposta final.

Começamos com uma conversa sobre valores éticos de equidade e cidadania, a importância da convivência na sociedade e o respeito aos direitos e limites de cada um. Depois, seguimos com um levantamento de situações de relacionamento e dos propósitos e usos da sala de aula, elencando todas as atividades aí exercidas. O objetivo foi fazer os próprios alunos perceberem que a sala de aula é um ambiente para estudo e que para isso é preciso manter a atenção e o foco. A partir dessas conclusões, criamos alguns critérios importantes para atingir nossos objetivos.

Os tutores fazem algumas dinâmicas de socialização, como jogos cooperativos para que todos da turma se conheçam, se olhem, troquem para estabelecer os primeiros vínculos. Em outro momento, os alunos podem ser convidados a responder individualmente por escrito três perguntas propostas pelos tutores: Em qual lugar eu deveria sentar na sala para atingir meus objetivos de estudo? Qual colega é um bom parceiro de trabalho? Qual colega seria um desafio para eu trabalhar?

De posse de todas essas informações, os tutores esboçam uma proposta de mapeamento levando em consideração as indicações dos alunos, dos professores e do próprio tutor. O mapeamento sofre ajustes, de acordo com as diferentes demandas, quinzenalmente ou mensalmente.

Todas as vezes em que há uma mudança, nossos objetivos e critérios do uso e propósitos da sala de aula e das convivências em sociedade são sempre relembrados.

A vida em grupo nem sempre é simples e, para que não perca seu sentido, precisamos ampliar a noção de viver em sociedade e relembrar o que são os valores essenciais de respeito e união. Esses valores não são dados como instruções, mas, sim, como uma construção diária de reciprocidade. E assim vamos exercitando a arte de conviver.