quinta-feira, 5 de maio de 2016

Sobre o brincar, um encontro e horizontes

Por Lia Granado

Pode parecer estranho que justamente quem esteja escrevendo sobre o brincar aqui no Hugo seja a professora do 5° ano. Já falamos sobre este tema aqui no BLOG a partir do olhar das professoras da Educação Infantil ou mesmo dos anos iniciais do Fundamental I. 

A verdade é que a gente, no nosso pensamento cartesiano, acha que conforme as crianças vão crescendo elas deveriam brincar menos. E os adultos, então? Estes é que não estão para brincadeiras mesmo! 

Mas, não é bem assim... para mantermos a nossa saúde, todos deveríamos brincar. O brincar está presente em todas as etapas da nossa vida, ou pelo menos deveria estar. Esta é uma discussão bem longa que é feita de maneira deliciosa no filme Tarja Branca; fica aqui , novamente, o convite para assistirem a este incrível documentário.


Quero agora compartilhar com vocês alguns momentos deste trimestre,  os momentos em que eu e meus alunos brincamos. Sou pedagoga e, como tal, estou sempre preocupada com a aprendizagem. O que dizer do brincar? Uma forma de expressão que envolve o movimento, música, desenho, dança e criatividade. Ainda posso elencar tudo o que esta ação desenvolve: colaboração, resolução de situações-problema, observação e muito, muito mais! Sim, estes momentos foram cheios de aprendizagem. Mas o mais importante é que foram cheios de diversão!

O nosso projeto neste primeiro trimestre foi sobre as Regiões do Brasil e propus para os alunos que conhecêssemos como as crianças brasileiras brincam por este país afora. Toda semana, depois de pesquisarmos, o grupo escolhia algumas brincadeiras e íamos experimentá-las. Estes não eram os únicos momentos de brincadeiras da semana, mas era um dos mais esperados.

Algumas das brincadeiras escolhidas eram muito parecidas com as que os alunos já fazem aqui na escola e outras completamente diferentes, pois tinham uma enorme influência do local em que aquelas crianças viviam, como, por exemplo, a brincadeira da onça que traz muitos elementos indígenas

Brincamos muito na quadra, no morro e na classe. No frio, no calor. Com ou sem brinquedos. Livre ou com regras. O importante era brincar. Rir e se divertir. O aprender veio junto, misturado e meio que sem querer, mas querendo! 


Semana passada nós, professores, assistimos ao filme Território do Brincar, outro filme maravilhoso que acho que você deveria assistir também. Vendo aquelas cenas belíssimas das crianças de diferentes lugares do Brasil brincando, fiquei pensando nestes momentos de brincadeiras que eles têm aqui na escola. Como são importantes e de uma riqueza enorme.

Espero que lá na frente, quando eles se tornarem adultos, as brincadeiras da infância possam ter contribuído para um monte de “coisas”. Mas a coisa mais importante de todas é que possam garantir um enorme sorriso no rosto ao se lembrarem delas. 

E você, há quanto tempo não brinca?

Encontro com Renata Meirelles

Falando em brincadeiras, ontem comemoramos mais uma vez os 50 anos do Colégio com um encontro muito especial; Renata Meirelles, ex-aluna e pesquisadora do Brincar veio nos contar um pouco sobre como foi fazer seu primeiro longa metragem: Território do Brincar.

 

Sabe aquela pessoa que ama o que faz? Que você poderia ficado ouvindo por horas? Que te inspira? É ela! Renata nos contou com um brilho nos olhos como foi a sua viagem pelo Brasil em busca do brincar. Na verdade, em busca do humano, da beleza, do ser, dos sentimentos que o brincar traduz em toda sua essência.

Impossível não se emocionar ao ouvi-la, não se deslumbrar com as fotos,  com os vídeos das crianças brincando. Em meio à sua fala lembrei da minha infância e dos meus alunos brincando. Percebi que aqui em São Paulo, no Maranhão, na Amazônia somos muito parecidos! As crianças são muito parecidas, na hora da brincadeira se entregam totalmente e estão ali com todo seu desejo de ser.

A escola ganhou um grande presente com esse encontro! Enquanto professora, renovei muitas crenças e aprendi um montão de coisas novas. Ficaram dúvidas, dúvidas que me movem. Ficou uma certeza: em um mundo com tanta informação e atribulado... em uma cidade como São Paulo, a escola precisa garantir para os alunos este brincar, tão vital! Aqui no Hugo estamos sempre refletindo, pensando no nosso cotidiano e brincando! 

Agradeço a Renata por compartilhar um pouco da sua rica experiência conosco! Agradeço também por nos encantar. Boa sorte com seu novo projeto e já estou ansiosa para saber mais e mais! Ah, e muitos horizontes para você!