quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Estudar, sim! Mas, como? O trabalho de orientação de estudos na escola

Por Rosana Nunes , Eloisa Liebentritt e Marina Gozzi


Sabemos que, assim como escrever se aprende escrevendo, ler se aprende lendo... e estudar se aprende estudando!!!

Aqui no colégio, a aprendizagem dos procedimentos e de ferramentas de estudo acontece de forma contextualizada, gradativa e a serviço da aprendizagem dos conteúdos.

Acreditamos que, para estudar, o aluno precisa estar motivado. E essa motivação não é externa, mas sim interna, pois esbarra no desejo de conhecer e saber algo. Estudar um conceito envolve, entre outras coisas, relacioná-lo com outros, identificar situações nas quais ele pode ou não ser aplicado. Não é uma tarefa fácil! 

Os alunos precisam aprender a desenvolver estratégias de estudo que possam ser usadas dentro e fora da escola; por isso, durante o percurso escolar, compartilhamos e discutimos as formas de estudar, aproveitando para explorar a especificidade de cada área, pois, para cada uma delas existe uma maneira de produzir, de comunicar e de validar os conhecimentos.

Apresentamos noções do trabalho de orientação de estudos de uma forma muito cuidada, já no 3º ano do ensino fundamental, quando os alunos começam a ler textos com mais autonomia e a ter mais consciência do ato de realizar uma avaliação. Nas áreas de Ciências Sociais e Naturais, por exemplo, com o apoio da professora eles começam a grifar partes mais importantes do texto, a folhear o material já estudado e a destacar as informações que gostaram de aprender e as informações que não entenderam muito bem e, com o auxílio do adulto, a revisar as suas lições.



A partir do 4°ano, os alunos começam a fazer as suas primeiras anotações de aula orientadas pela professora, como, por exemplo, após assistir a um vídeo, analisar imagens, ler livros de pesquisa e obter informações da internet. 

Durante o ano letivo intensificamos momentos para o aluno conhecer, explorar e entrar em contato com diferentes procedimentos de estudo, como: fazer registros coletivos, grifar as partes mais importantes do texto, destacar palavras-chave, revisitar o que aprendeu, elaborar pequenos esquemas, realizar exercícios e planos de estudos.


O roteiro de estudos é uma outra forma utilizada para que os alunos retomem o conteúdo e foquem naquilo que é relevante. Também iniciam o uso de esquemas, que organizam o pensamento e os conceitos relacionados ao assunto abordado.



Em Matemática, os alunos são levados a rever seus cálculos e estratégias na resolução de situações-problema, identificando e refletindo sobre esses processos.


Quando chegam ao 5º ano, iniciam o trabalho com pequenos resumos, estabelecendo relações e organizando as ideias mais importantes, encontrando, a partir de sua experiência como leitor, seus conhecimentos sobre o tema e qual a forma de registrá-los para sua maior compreensão.

Neste 3º trimestre, os alunos do Ensino Fundamental II tiveram a oportunidade de participar de um trabalho de orientação de estudos para as provas trimestrais, envolvendo todas as disciplinas. Em conversas com os professores, alguns dias antes da semana de provas, levantaram os conteúdos e objetivos de cada prova, organizaram a busca dos materiais didáticos para o estudo (desenvolvidos durante o trimestre) e discutiram sobre as dúvidas/dicas para o momento de estudo.


Por meio de discussão coletiva, puderam perceber a importância de se ter os materiais em ordem, com anotações de aula, lições de cada feitas, atividades corrigidas, cadernos e livros completos. Assim, possibilitamos aos alunos a percepção de que, para estudar para uma prova de Matemática, por exemplo, não utilizamos as mesmas estratégias de quando estudamos para uma prova de História. E mais: é assim que vamos desenvolvendo, gradativamente, uma adequada e eficaz postura de estudante que tanto queremos para nossos alunos.


Além disso, os alunos realizaram atividades complementares que contemplavam os conteúdos e objetivos de cada prova, podendo elucidar dúvidas para ajudar nesse momento que antecede as provas trimestrais e que, para muitos alunos, é um período de grandes expectativas.

Acreditamos que, desta forma, o aluno possa identificar e utilizar diferentes estratégias que favoreçam sua aprendizagem de uma forma autônoma e organizada.

No ensino fundamental, a ajuda dos pais é essencial no ato de estabelecer horários e lugar e, assim, garantir condições para que o hábito do estudo aconteça de forma gradativa.

Todas essas estratégias têm a finalidade de o aluno transitar por diferentes habilidades cognitivas de forma tranquila e de se autorregular, no dia a dia, pois estudar é uma tarefa difícil, que exige concentração, persistência e hábito.
A nossa intenção é que o aluno, ao longo da sua vida escolar, possa selecionar, definir ritmo, profundidade e relevância do que é aprendido, para, assim, conseguir realizar o estudo com independência necessária a ponto de torná-la regular em sua rotina.

Finalizamos o texto com uma citação do educador Paulo Freire:

“...O ato de estudar exige que o sujeito assuma uma postura crítica e um compromisso ético, encarando o estudo como um desafio de aprofundar o conhecimento. A curiosidade, o espírito investigador, a criatividade, a criticidade e a humildade são elementos importantes para encarar o desafio do ato de estudar... Exige disciplina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a...”

Referências bibliográficas:

Freire, Paulo. Considerações em torno do ato de estudar. In: Ação Cultural para a Liberdade. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.

Aprenda como estudar em quatro etapas. Disponível em: