quarta-feira, 22 de abril de 2015

A leitura e a descoberta dos clássicos

Profª Maria Isabel de Oliveira Salles

O desenvolvimento de diferentes práticas de leitura na escola é algo que tem assumido cada vez mais importância em nosso cotidiano. Essas práticas de leitura incluem, desde as séries iniciais do Ensino Fundamental, o contato com os diferentes gêneros textuais, tanto os que fazem parte da esfera literária quanto os considerados não literários. 

Mas como garantir que as leituras literárias realizadas pelos alunos, especialmente no caso dos que já estão no segundo ciclo do ensino fundamental, sejam significativas e que contribuam para sua formação crítica? É aqui que o papel do professor se torna fundamental: na escolha e indicações de leituras que serão desenvolvidas na escola.

Aqui no Colégio são selecionados, para todos os alunos do fundamental 2, livros para leitura extraclasse escolhidos com base em critérios como a qualidade do texto, a importância dos autores e a variedade de gêneros textuais. Para este ano, alguns dos livros que serão explorados ao longo do ano são nossos velhos conhecidos, que provavelmente lemos também ao longo de nossa vida escolar:

“O Mistério do 5 Estrelas”, de Marcos Rey, lido pelo 7º ano, que já é um clássico da nossa literatura infanto-juvenil;

“O Cão dos Baskervilles”, de Sir Arthur Conan Doyle, lido pelo 8º ano, obra que é leitura obrigatória para explorar a narrativa de enigma; 

“Venha ver o pôr do sol e outros contos”, de Lygia Fagundes Telles, indicado para o 9º ano, em que as narrativas exploram com delicadeza elementos fantásticos e dramas humanos, só para citar alguns.

Outros talvez sejam menos conhecidos, mas trazem uma riqueza de interpretação muito grande, como por exemplo Doze Reis e a Moça no Labirinto do Vento, de Marina Colasanti, lido em março pelos alunos do 6º ano. Esse é um livro que atualiza elementos dos contos de fadas tradicionais, apresentando narrativas com finais inusitados.

Nosso trabalho com os livros segue caminhos diferentes, dependendo do tipo de leitura proposto a cada mês e da necessidade de cada turma. Para garantir a leitura, é combinada uma data para a realização de uma avaliação de verificação de leitura, mas podemos começar o trabalho em cada momento de diferentes formas: com questões de antecipação antes da leitura, pesquisa sobre autores, exploração dos elementos do gênero textual em questão, direcionamento da leitura por meio da elaboração de trabalho sobre o livro, etc. Após a realização da prova, as obras são retomadas em momentos de discussão em sala, para exploração da capacidade de ouvir e expressar sua opinião e defender oralmente seu ponto de vista. 

Cabe ao professor direcionar o olhar dos alunos para a leitura dos clássicos, aquelas obras fundamentais para a formação de todo leitor, o que não depende da idade, mas deve, sim, começar desde cedo. 

A respeito do papel e importância dessas leituras, a autora Ana Maria Machado escreve: “Ou então pode-se imaginar alguém que deseja muito melhorar de vida e tem na sala uma arca cheia de tesouros que avós e pais lhe deixaram. Mata-se de trabalhar, mas nunca supôs que aquele baú fosse mais do que uma caixa vazia. Jamais teve o impulso de arrombá-lo ou a curiosidade de procurar uma chave que o abrisse. Todo aquele patrimônio ali, pertinho, ao seu alcance, não lhe serve para nada. Um monumento à inutilidade.
De alguma forma, toda a humanidade passa por riscos semelhantes. Temos de herança o imenso patrimônio de leitura de obras valiosíssimas que vêm se acumulando pelos séculos afora. Mas muitas vezes nem desconfiamos disso e nem nos interessamos pela possibilidade de abri-las, ao menos para ver o que há lá dentro. É uma pena e um desperdício”. (Como e por que ler os clássicos universais desde cedo) 

Esperamos que as propostas de leitura desenvolvidas no ensino fundamental 2 auxiliem nossos alunos a  aprofundar essas experiências!